Cães auxiliam no atendimento psicológico de crianças surdas em Santa Rosa


Quando Luna entra na sala, o ambiente se transforma. Dócil, a cadela labrador de três anos rola no chão e se deixa guiar pelas brincadeiras mais irreverentes inventadas pelas crianças de um a 13 anos, que participam das sessões de cinoterapia, realizadas na Escola de Ensino Médio Concórdia para Surdos, em Santa Rosa, no noroeste do Estado.

De banho tomado e tope nos pelos, Luna é o xodó dos alunos que abrem um sorriso assim que a vêem. A labrador deixa-se guiar, montar, abraçar e corre pela sala.
De acordo com a psicóloga educacional Tatiana Giovelli, que acompanha as sessões de terapia assistida com cães na escola, os benefícios da cinoterapia vão desde o nível emocional até a integração do grupo. 
_ No nível emocional é estimulada a autonomia e a auto-confiança de cada criança, especialmente quando ela tem a oportunidade de guiar o cachorro. Essa autoestima é importante para essas crianças. O simples contato com o animal já traz benefícios_ explica Giovelli.
Além da autoestima, desde que as crianças têm a oportunidade de conviver com Luna é observada uma evolução no relacionamento em grupo e na afetividade entre as crianças.
_Ainda, ajuda a trabalhar os limites, pois é preciso esperar a sua vez de brincar com o cão e compreender o que pode e o que não deve ser feito com o animal. As crianças aprendem também a ter tolerância à frustração_ completa a psicóloga.
Em torno de 20 crianças participam uma vez por semana do projeto piloto desenvolvido em conjunto com soldados do Pelotão de Operações Especiais (POE) da Brigada Militar.
_ Eu gosto da Luna. Na outra semana estivemos com ela dentro do túnel e foi muito legal. Ela é muito querida e fica sempre junto com a gente_ conta o aluno André Rockembach, oito anos, que se desloca de Boa Vista do Buricá a Santa Rosa, para poder estudar.
Luna nasceu no canil do Pelotão. A ideia inicial é que ela fosse utilizada para trabalhos de faro de entorpecentes. Mas logo seu perfil dócil pendeu para uma missão maior: sanar as carências afetivas e auxiliar no fortalecimento da auto-confiança de crianças surdas.
_ Quando surgiu a ideia do projeto logo optamos por ela, pois é um cachorro muito dócil e não tem perfil agressivo_ releva o soldado Gustavo Luiz Vogt, 25 anos, que tem formação cinotécnica para poder trabalhar com a terapia assistida.
O soldado Paulo Miranda Jesse, 40 anos, que também acompanha as sessões de cinoterapia, garante seu caráter benéfico.
_ Se a pessoa está estressada, esquece de tudo, de todos os problemas. A interação com as crianças e o cachorro resulta numa energia muito incrível_ comenta Jesse.
A psicóloga educacional afirma que mesmo com as diferentes brincadeiras realizadas pelos alunos, Luna não se exalta.
_ A cinoterapia é aplicada em diferentes tipos de público, desde hospitais até lares de idosos. Não sei de registro algum que o cão tenha mostrado agressividade com quem estava interagindo_comenta Giovelli.

Fonte: Clic RBS - Noroeste Missões - por Deise Froelich.

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